terça-feira, 13 de setembro de 2005

Bolsa de valores…

Alguém já viu uma sessão da bolsa de valores de Nova York? Alguém me pode explicar o que é aquilo?
Para quem não viu ou não se está a lembrar do que eu estou a falar, eu passo a explicar mais ou menos como aquilo funciona.
Juntam-se mais ou menos 300000 pessoas num edifício todo futurista e umas (a que eu gosto de chamar tratadores) sobem para uns palanques, armadas de telefones e blocos de papel, enquanto que outras (que eu gosto de chamar de bestas) vão para uma parte mais abaixo, tipo arena, onde se amontoam a olhar para cima, à espera que seja dado o sinal de partida para começarem a lutar.
Quando é dado o sinal de abertura da bolsa, as pessoas transformam-se todas em animais ferozes, capazes de devorar tudo o que lhes apareça à frente, e desatam aos gritos que supostamente os tratadores entendem e que mais ninguém no universo consegue decifrar. Com estes gritos, gemidos e arfares, acabam por conseguir ganhar ou perder dinheiro, conforme seja a qualidade do arraial.
Eu tenho ideia que não interessa o que quer que seja que eles digam, na verdade a única coisa que conta é gesticular e fazer esgares de dor, sofrimento e ameaça e pronto. Negócios são feitos por entre saliva, pontapés e gases, tudo ao som de milhares de computadores a processar, máquinas a calcular, papeis a rasgar e pessoas a copular (sim, porque eu imagino que com tamanha distracção, haja pessoas que aproveitem para fazer aquilo que normalmente se designa como: o sexo).
Ora bem, a esta altura, temos pessoas na arena a desgrenharem-se, aos gritos e a agredirem-se, temos também os tratadores a receber cuspidelas e bolas de papeis vindos de baixo enquanto falam com 32 pessoas ao telefone e tomam nota dos comentários de 746 das bestas que tentam negociar com as suas acções e os seus barris de petróleo. Temos também algumas pessoas que só vão lá para se entreter e ver o espectáculo, que são normalmente os grandes corporativistas e donos das empresas cotadas, e resta apenas referir as inúmeras outras pessoas que estão no edifício a praticar o anteriormente referido: sexo.
No final do dia, toca uma campainha, e parece que as pessoas passaram por um exorcismo total, porque nada daquilo que fizeram durante o dia, nenhuma das 46 pessoas que mataram interessa, porque passam a comportar-se como pessoas normalíssimas como se nada se tivesse passado e vão mesmo jantar com os colegas de trabalho a quem deram cotoveladas, facadas e pontapés, e outros voltam para suas casas, com as suas mulheres que passaram o dia a ter relações sexuais com os chefes, nos pisos superiores, dizendo um ao outro que o dia tinha sido chato e cansativo e tal… depois surge aquela coisa da dor de cabeça e não sei quê, e pronto, vão dormir.
E assim é um dia no mercado de valores de Nova York...
Como acham que é nos restantes países? Como será cá em Portugal?
Abraços e beijos a quem de direito…

2 comentários:

Anónimo disse...

Sinceramente... eu cá em Portugal não sei mas suponho que a azáfama não seja tão grande. Quando muito estão umas quantas pessoas na conversa junto da máquina da água à espera que tudo apareça feito. Agora em Tóquio... ui ui!...

Rafael M. Silva disse...

Epá, eu acho que era mais uma boa distracção para os portugueses. Podia-se começar a tentar fazer relatos (num sei se tás a ver, tipo os do futebol). devia ser engraçado, principalmente essa parte das relações. E o bolsista da empresa x começa agora a fazer olhinhos a uma cachopa que está mais ou menos à sua frente, um bocadinho para a direita e que tem rabo de cavalo e uma camisola vermelha, enquanto isso, o bolsista da empresa x está a ser assediado por um bolsista da mesma empresa. É verdade. Eu não sei se o árbitro está a ver, mas provavelmente isto será falta. É que isto é uma entrada por trás! Não sei, vamos ver. Pode ser que o bolsista se queixe e aí até pode ser que as vendas parem por instantes... e blá blá blá.... Acho que devia ser muito interessante. Dava muito mais pica.