quarta-feira, 8 de março de 2006

Mostre-me o seu CDA xôr transeunte!

José Socrates aposta cada vez mais forte no choque tecnológico. Desta vez o primeiro-ministro resolveu que toda a gente deve registar nas juntas de freguesia todos os animais de capoeira que possuírem. Toda a gente pensa que é uma medida para combater a gripe das aves, mas eu consegui apurar que não passa de um estratagema para colocar Portugal na vanguarda da evolução. Isto dará origem ao aparecimento dos primeiros Cartões dos Animais, os CDAs.
No fundo, tudo isto vai servir para controlar melhor a vida das aves.
O próximo passo, vai ser criar uma força de segurança pública dedicada apenas a bichesas. Parece que estou a ver um pato a sobrevoar um terreno à procura do melhor sítio para poisar, e um homem, fardado a mandá-lo encostar. “Senhor pássaro, mostre-me os seus documentos se faz favor!”, e o pato lá lhe mostra o CDA. O guarda observa o cartão e os dados contidos no mesmo e pode observar aqui coisas como: “Diz aqui que o xôr tem asas brancas, e no entanto eu vejo aqui umas manchas mais escuras, você não sabe que é proibido alterar as características do veículo?” e ainda “Pelo que estou aqui a ver, o xôr pássaro nunca foi ao dentista, pode-me explicar isto? É que não estamos em altura de brincadeiras, o xôr tem que controlar a sua saúde!”.
Enfim, esta coisa do registo das aves e do choque tecnológico vai dar muito que falar... A situação anterior é um bocadito exagerada, coisa pouca, mas pode muito bem acontecer que tenhamos que andar com os documentos das bichesas sempre connosco, por forma a andarem identificados. Vamos ter que lhes dar nomes e começar a controlar as horas de entrada e saída das capoeiras: “Galinha Isaura, porte-se bem e esteja na capoeira antes das 17h, senão fica de castigo e corto-lhe a milháda” (milháda pareceu-me o termo mais próximo de mesada, mas no mundo galináceo).
Até as nossas compras vão passar a ser muito mais difíceis. Quando comprar-mos uma embalagem de cochas de galinha, vamos ter que ler toda a biografia do animal só para ter a certeza que não teve comportamentos de risco.
Começo a achar que tudo se complica. Se queriam um choque tecnológico, bastava colocarem em alguns locais públicos uma televisão com antena digital e com bastantes fios de cobre descarnados e ligados a 220 com uma placa a dizer “Grátis”. Toda a gente iria tentar pegar naquilo e apanhavam um valente choque, capaz de abalar cada célula, desde a ponta dos cabelos, passando por todos os pelos púbicos e até às unhas dos pés.
Enfim.... modernices...
Agora se me desculpam, vou ali conferir os dados de registo das minhas galinhas...
Abraços e beijos a quem de direito...

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