segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Sai da frente, palhaço!

Os portugueses são muito conhecidos pela sua pressa quando estão ao volante, e pela distância mínima que conseguem manter do veículo imediatamente à frente deles. Alguns conseguem mesmo que essa distância seja de pouco mais que um milímetro, e com uma precisão cirúrgica conseguem manter-se na perseguição do seu antecessor de forma quase inacreditável.
Ainda hoje, vinha eu muito descansado e quando olho para o retrovisor, dou de caras com os olhos faíscantes de um destes espécimes. Cheguei a pensar que tinha dado boleia a alguém e não me lembrava, mas logo reparei que vínhamos em carros diferentes! Sim, ele vinha mesmo coladinho. Consegui perceber mais tarde que era um daqueles heróis que conseguia a tal distância de um milímetro do veículo da frente (que era o meu), porque arrotei, e como tinha comido bastante cebola, consegui vislumbrar algumas lágrimas a escorrer pela sua face vidrada.
Isto fez-me pensar que há mais perigos do que o de travar e haver logo um acidente, por falta de tempo para travar. Além deste problema do hálito do condutor que vai à frente, há outro problema de igual ou superior importância e que pode pôr ainda mais em causa a vida dos ocupantes do carro perseguidor.
Vamos supor que no carro que vai à frente, vai um indivíduo que ao almoço abocanhou duas doses de feijoada daquela de rebentar com as borrachas. Depois da devida fermentação, é óbvio que o homem tem que mandar uns rateres e largar umas gasadas!
Ora, se nesta altura, alguém se chega a milímetros do carro em que este homem segue, está visto que vai haver desgraça. A malta que vai atrás, vai na descarada a ouvir música muito alto e a medir a distância milimétrica ao carro da frente, o homem da feijoada larga uma espalhafatosa e sonora bojarda cagante, que o deixa com a sensação que não só cuecas e calças ficaram carimbadas, mas também o próprio banco do carro e as pastilhas dos travões. O ar putrefacto acumula-se na traseira do carro, e escapa-se pelo porta bagagens, dirigindo-se ferozmente para a traseira do carro. De seguida ultrapassa as fronteiras físicas do carro, e entra directamente nas entradas de ar do carro que segue precisamente a 1,34 milímetros do primeiro. Ora essas entradas levam o ar directamente pelo sistema da sofagem até às fussas do condutor de trás que, em quatro ou cinco bafuradas, fica com os pulmões adubados e acolchoados com o potente, putrefacto e pestilento cheiro da feijoada fermentada, as lágrimas começam a derramar pelo seu rosto como se fosse uma fonte e os dois neurónios que estão única e exclusivamente dedicados à condução desligam-se do sistema nervoso e o moçoilo perde o controlo e espeta-se!
Como vêem, esta prática é muito perigosa, felizmente percebi isso a tempo e posso mudar os meus hábitos de condução.
Conduzam com cuidado,
Abraços e beijos a quem de direito…

1 comentário:

Saraï disse...

Apenas um comentário:
Depois de ler este texto do outro mundo, formou-se tal imagem na minha mente... que dava uma trilogia com toda a certeza.
*bjs