quinta-feira, 9 de março de 2006

A tomada de posse!

Finalmente um acontecimento digno de directos e largas reportagens nos últimos dias. Televisões e rádios já andavam desesperadas por alguma notícia que lhes desse que fazer.
Tenho estado atento à emissão de uma das rádios, e digo-vos que já há muito tempo que não me ria assim tanto. Isto é qualidade.
Os jornalistas que têm que fazer estas coberturas têm que ter um treino de enchimento de chouriços extraordinário, porque de outra forma seria uma situação mais caricata.
A emissão tem estado mais ou menos neste ponto, desde as 7h da manhã: “Chega neste momento a senhora da limpeza, trás um balde com água e detergente cor de rosa e com cheiro a lavanda e também uma esfregona e dois panos ao ombro. Senhora da limpeza, como se sente neste momento solene? - Eu sinto que vou ter aqui muito que fazer vocês andam a sujar-me isto tudo e quem se lixa sou eu. Muito obrigado... hammm... e tal... Peço desculpa por te interromper, mas está a chegar o técnico de som que vai ligar os microfones e todo o sistema de comunicações interno. Senhor dos coisos, diga-me se faz favor, o senhor vai ligar o som e o sistemas de comunicação? - Não, eu vou só tomar uma bica e comer um pastel de nata... estúpida... que raio é que eu vinha aqui fazer? Bom, foi a reportagem possível aqui com o senhor dos coisos.”
Bom, e até à chegada dos convidados a coisa ficou-se por estas entrevistas de ocasião aos trabalhadores da assembleia e por reportagens especiais de jornalistas pendurados em postes e em varandas perto das casas dos presidentes e das figuras de estado, a tentar ver o que estavam a fazer e se algum deles estaria com crises de hemorroidal.
Como não têm muito para dizer já que durante dias tem havido reportagens especiais, e emissões prolongadas sobre tudo, absolutamente tudo o que diz respeito a isto, os jornalistas têm que encher monumentais chouriços à espera que aconteça algo de extraordinário e verdadeiramente interessante. Chegou o George Bush (Pai) e a jornalista da TSF fez a seguinte reportagem: “Bom, vejo um carro preto a aproximar-se com mais velocidade que o normal e com segurança reforçada. Esse carro tem colocadas frontalmente duas bandeiras dos Estados Unidos, Joana Ramalheira, consegues confirmar se é o pai do presidente americano?”. Nesta altura, apeteceu-me ligar para lá e dizer: “Olhe, é só para avisar que esse carro esquisito que falaram agora é a outra senhora das limpezas, o ex-presidente dos estados unidos vem de taxi”.
Quando perceberam finalmente que era mesmo o George Bush, e ele saiu do carro as palavras de reportagem foram as seguintes: “
Aí está George Bush pai, com um fato azul, com um risco mais escuro de lado e uma gravata clara a contraste. Ele sorri, acena com o braço e olha para a frente com os seus olhos azuis...”. Só tenho uma palavra para isto: Fósgasse...
Depois toda a reportagem de chouriços continuou mais ou menos nos mesmos moldes, e com algumas frases que eu gostava de registar: “
Segurança reforçada para o representado dos EUA, com seguranças muito grandes e musculados.”, “Chega também Xanana Gusmão, com um ar bem disposto e muito sorridente e nem se aproxima dos jornalistas”, “Chega neste momento Marques Mendes: Senhor Marques Mendes, está um bocadinho atrasado, não? Bom, Marques Mendes não quis responder...”, “Cá está, o presidente de qualquer coisa que não me lembro agora, com um fato cinzento, uma gravata vermelha e com os vestígios de uma pinga de urina nas calças, talvez fruto de alguma pressa.”, “O derrotado e ex-presidente Mário Soares encontra-se já acomodado e com uma mantinha ao canto da tribuna VIP a dormitar, enquanto alguma baba lhe escorre pelo canto da boca.”, “Manuel Alegre, apressa-se neste momento a alinhar a gravata, que se encontrava um pouco desalinhada já à alguns minutos.”, “Reparei à pouco que há um dos guardas de honra que não para de olhar para as minhas pernas e posso afirmar que neste momento consigo já notar alguma coisa acordada perto da sua braguilha.”, “Neste momento há já alguns deputados a esticar as pernas.”, “Neste momento, algum dos colegas jornalistas soltou um estrondoso gás intestinal que fez de imediato alertar a segurança”, “Bom, vou ter que mudar de lugar, porque tenho dificuldades em respirar com este cheiro...
Jornalismo de qualidade, é o que é!
Abraços e beijos a quem de direito...

1 comentário:

Rafael M. Silva disse...

Isenção... Oh yes. Ah pois é. E bom jornalismo. Foi como aconteceu na transladação da Irmã Lúcia que foram a filmar a viagem toda. Se calhar estavam à espera que ela se levantasse e acenasse. Ainda era engraçado. Mas os jornalistas não se deixariam intimidar por um acontecimento destes. Pousavam o heli no meio da A1 e obrigavam o condutor a parar e deixar fazer, em exclusivo, uma entrevista post mortem. Lol Que grandes jornalistas que temos