sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Ai qu’eu sô tã TIA, tá’vere?

Há coisas que eu tenho dificuldade em entender. Coisas do género da física quântica, da astrofísica e também coisas de “tias”.

Quando estava na fila para almoçar, num dos restaurantes do Norte Shopping, não pude deixar de ouvir a conversa de duas senhoras muito artificiais que estavam atrás de mim. E vocês dizem: mas este gajo não faz mais nada que não ouvir a conversa das pessoas!

Ao que eu vos digo, que às vezes não tenho escolha. Portanto, estava eu na fila e as senhoras chegaram-se de forma a colocarem-se na fila, mesmo atrás de mim. Depois, deviam ter medo de não haver espaço para as outras pessoas, chegaram-se mesmo muito para a frente, de tal modo que cheguei a pensar que iriam avançar por cima de mim pisando-me com os saltos altos e fininhos que traziam agarrados nos pés. Além do medo que faltasse espaço, falavam muito alto, como se uma delas estivesse no 1º andar de um prédio e a outra no 34º… Depois de perceberem a situação ainda acham que eu ando a ouvir as conversas das outras pessoas?

Bom, mas agora vou dizer-vos aquilo que realmente faz com que esteja a escrever isto… A conversa delas foi mais ou menos assim:

Tia 1: “Oh rica, o que quer comer?”

Tia 2: “Não sei querida, eu queria bacalhau, mas estou a espreitar ali para dentro e não consigo ver, acho que já não há.”

Tia 1: “Então o que vai comer?”

Tia 2: “Acho que vou comer marmotas”

(Nesta altura eu temi pelo rumo da conversa e procurei desesperadamente a inscrição das marmotas na ementa, para perceber se aquilo era mesmo o prato ou se elas estavam a falar de coisas sexuais… Afinal marmotas eram o peixe que lá estava – Marmotinhas… duuuuhhhhhh)

Tia 1: “Oh querida, você não me diga que vai comer essa coisa pobre, eu ainda lhe bato, não quer ir comer a outro lado qualquer?”

Tia 2: “Não miga, eu até gosto de Marmotas, mesmo com cabeça!”

(A sério que eu não sei se falavam com esta naturalidade de propósito ou se eram assim mesmo, mas eu e as restantes pessoas estávamos a começar a ficar incomodados, porque não sabíamos que outras barbaridades lhes sairiam da boca)

Tia 1: “Olhe, eu vou comer um **************** que nem tenho muita fome”

(Os asteriscos são porque a palavra que ela usou era tão imperceptível que eu não imagino o que raio seria aquilo)

Tia 2: “Hmmm… hmmm…”

(Cerca de um minuto de silêncio e uma delas quebra o gelo)

Tia 2: “Nem queira saber miga, hoje tenho uma festa!”

(Novo silêncio em que eu julgo que a Tia 2 esperava um comentário da Tia 1, mas que não chegou a acontecer)

Tia 2: “Pois é, tenho uma festa da minha filhota lá na escola e tenho mesmo que ir senão ela mata-me!”

Tia 1 (desinteressada): “Hmmm… hmmm…”

(Novamente segundos de silêncio incómodo)

Tia 2: “Tá’ver? Vim aqui p’ra comprar umas calças e acabei por comprar também um casaco, que maçada!”

Tia 1: “Hmmm… hmmm…”

Tia 2: “Olhe, ainda hoje vou ao cabeleireiro, tenho que cortar estas pontas, isto está uma miséria, olhe p’ra isto…” (A outra senhora limitava-se a olhar e a mexer a cabeça de um jeito estranho como se estivesse a ter espasmos) “… Mas nem vou pintar nem escadear nem blá blá blá blá, vou só cortar as pontas…”

Tia 1 (olhando em volta): “Vai ficar gira… pois… hmmm… hmmm…”

(Mais alguns segundos passados)

Tia 2: “Ai, ‘tou c’uns gases… ai rica, nem sabe. Estou aqui que nem me aguento… Olhe, vai mesmo ter que ser: PPPFFFFFFFUUUUUUUNNNNNNHHHHHIIIIIIIÉÉÉÉÉÉÉÉÉ”

A este ponto, comecei a ouvir um som bem estranho de entranhas a ranger e outras coisas más que não sei descrever, mas que era sem dúvida um fortíssimo gás intestinal que estava a ser expelido…

Bom, esta parte não é verdade, mas achei que dava colorido à história monótona… Isto porque depois da história do cabelo eu não ouvi mais nada porque tinha chegado à minha vez de fazer o pedido…

Abraços e beijos a quem de direito…

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