quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

Mete uma rolha, carbalho!

Ia eu muito descansado hoje para o trabalho, na minha rotina normal, quando após um cruzamento, dou de caras com aqueles senhores que andam com uma carrinhola cheia de alcatrão ou algo do género, e que supostamente devem tapar os buracos que existem nas estradas (o que significa que têm que ir a todo o lado).
Só por si isto não era razão para eu estar aqui a escrever sobre isso, mas o problema é que esses senhores não estavam bem a tapar os buracos, eles pegavam na pá, enchiam a mesma com o material que vinha na carrinha, não muito para não ser difícil, e depois mandavam aquilo algures para perto ou mesmo dentro do buraco que queriam tratar… O estranho da situação é que limitavam-se a mandar o alcatrão para o buraco até ficar um montinho, e seguiam em frente, deixando atrás de si um rasto de alcatrão amontoado…
No momento exacto em que passava por eles, e enquanto fazia slalon para não encher o meu carro de alcatrão, eu consegui perceber na face deles que estavam à espera que fosse eu e também os outros automobilistas a pisar o alcatrão e consequentemente a fazer o trabalho que é deles… A muito custo passei sem calcar os montinhos, se bem que não me livrei a alguns salpicos daquilo…
Alguns metros depois, vi outra coisa angustiante, mas que ao mesmo tempo me fez ter uma ideia empreendedora e vencedora que nos poderia tirar (a Portugal) da miséria… ou isto ou então é apenas uma ideia bem estúpida…
Eu olhei pelo retrovisor do carro e vi um dos homens a escarrar para um dos montículos…
Aqui é que eu percebi tudo. (Ideia empreendedora) Aquele material que tinham posto nos buracos era apenas parte da solução. Aquilo apenas fazia volume no espaço onde devia haver alcatrão, depois os carros passavam por cima e apertavam aquilo, mas antes os homens escarravam em todos os montes. E aqui reside a genialidade da questão: Todos eles estavam a fumar, e por isso já tinham certamente os pulmões cheios de alcatrão, daí que ao escarrarem, estavam a completar o trabalho fornecendo o material fixante!
Já estou a imaginar o pessoal à vez:
Joaquim – “Vá António, é a tua vez…”
António – “Ok, cá vai. RRRRRRROOOOOOOOOOOAAAAAAAAACCCCCCCC phiuuu…” (isto é o mais aproximado de um escarro que eu consigo escrever, note-se que o phiuuu é o acto de expulsar a langonha da boca para o chão, podendo mesmo dar origem a campeonatos e arremesso da langonha).
Joaquim – “Ena, bela solha, isto vai ficar bem fixado, nunca mais sai daqui.”
António – “Arranja mas é mais um cigarro que estou a ficar sem combustível.”
Joaquim – “Deixa lá isso que eu faço o resto; RRRROOOAAAACCCC RRROOOAAACCC RRROOO RRROOO RRROOOAAAAAAAAAAAAACCCC phiuuu.”
Assim o pessoal fumador usava o alcatrão que acumula nos pulmões, ficavam mais saudáveis e faziam um serviço à nação, poupando dinheiro e trabalho a todos, bastava apenas escarrar para o chão, não sem antes puxar a bela da solha, mesmo do fundo dos pulmões, fazendo aquele som característico que toda a gente conhece: “RROOAACC
A estes senhores eu digo: Tapem isso com rolhas, ou então deixem os buracos em paz…
Abraços e beijos a quem de direito…

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